quinta-feira, 4 de outubro de 2007

O Outono Batia à Porta

O Outono batia à porta, e com ele a vontade de voar para novas paragens. Aquela cidade com pessoas desertas e locais despidos de nada, não trazia mais o doce conforto de querer ficar.
Ela pensava na novidade como seiva da vida, que seca quando o novo passa a habitual. E tudo o que outrora era belo, magnificente e quase “utopicamente” bom, passa a normal, o costume, o de sempre!
Então deciciu saltar, e sair da espiral monócórdica que se tornara a sua vidinha.
Inicialmnte foi difícil, é difícil cortar laços, trajectos, fazer desvios e traçar novas rotas. Mas aquela gana de querer estar onde não está, esventrava-lhe as veias até ao coração... E foi.
Um dia alguém lhe disse: “as pessoas estão onde são precisas e são precisas onde estão”. Quando um lugar deixa de fazer sentido é sintoma que deve ser tomada uma atitude.
Tinha um sonho igual ao de tantos outros... ser feliz. Ela sabia que era vago, abstracto este desejo, mudára de vida em tempos, em busca da Tal felicidade. É verdade que vivênciou momentos do pleno sentimento aquando da mudança. Mas era uma mulher insaciável, tendo por definição a máxima “há sempre melhor”. Esta postura, de procurar o pote de ouro no fim do arcoíris, era o paradoxo da sua existência. O ser que busca a homeostasía permanente, torna-se num ser em constante debate com os meandros da frustração.
O segredo que ainda não tinho desvendado, é que o importante é deliciarmo-nos com as experiências diárias, vivermos o cheiro, a cor, o sabor. Apelarmos aos cinco sentidos e deixarmos a percepção fluir.
Não... ela estava demasiado preocupada com a sua missão. A busca incessante da felicidade ofuscava o seu olhar, não permitia ver com a alma tudo o que tinha de bom!

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